
Vives na sombra do Sol porque o teu espírito é sórdido e obscuro. Vives de acordo contigo, prolongas a noite pelos dias, andas sob um manto de treva, rezas ao Feiticeiro do Abismo para que te ouça as preces de vingança. O Sol queimou-te as asas com que quiseste um dia destroná-lo e tu tens pesadelos com a queda e julgas-te Lúcifer zangando-se com Deus. Um dia, dizes (nessas noites de insónia e de delírio), o Sol há-de morrer no seu eclipse; e então, pensas, serás livre. Mas tu não sabes, Ícaro, que livre, é provar o longo beijo da Morte. Só o toque amargo dos seus lábios te pode dar a Liberdade Suprema. (Lisboa, 06/06/96)
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