
Um dia, meu amor, vou ser famoso. As multidões vão fazer fila nas ruas, nos passeios, à porta dos hotéis onde eu me hospede e dos aeroportos das capitais para onde eu viaje. Eu vou ser uma estrela eclipsante, um meteoro que eternamente tombe e resplandeça, que sempre espante quem o olhe e nunca tenha fim. Tenho a certeza disso porque pus de lado da razão todas as dúvidas. Sim, sem dúvida que é certo. É um feito consumado mesmo que por agora ainda esteja por fazer e por ser. Mesmo que por agora não seja mais do que um sonho no mais fundo de mim. A verdade não está na verdade ela mesma (que nunca o é por inteiro e intrinsecamente) mas naquilo que a alma de cada um lhe dá. A minha fé é a minha verdade e o meu Futuro. Cepticamente me declaro sobre-humano e cepticamente afirmo com a categorização soberba que há no dogma que toda a Glória me pertence. Tudo é meu no que há-de ser, nada me vence! Queres o meu autógrafo por antecipação? Queres o meu corpo, a minha boca, a minha solidão? Ou a minha amargura, a minha exaltação? E que tal este meu pobre coração? ...
(Lisboa, 18/09/95)
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