Descartável…:
a) Decisão forte: vou de vez dedicar-me à bebedeira. Eu que (parecia!) tinha má memória, tenho tanta coisa p’ra‘squecer! Só hoje são 24 horas! E as outras horas todas dos dias que as precederam? E os outros dias antes desses? E os meses? E os anos? E os anos por detrás dos anos que se fazem passados e longínquos mas que estão perto como velas sobre o rosto e me atormentam e me queimam e me chagam? E a mágoa neles todos, e a mágoa? E a hora, por detrás de todas essas horas, por detrás de todos esses dias, por detrás de todos esses meses, por detrás de todos esses anos, em que se ouviu, na solidão da noite, o choro de uma criança? Quem queimará essa hora?
b) Vela que m’i’ardes no rosto,
Para quê essa demora?
Só a morte sabe a pouco,
Foi viver e deitar fora…
Para quê essa demora?
Só a morte sabe a pouco,
Foi viver e deitar fora…
(Lisboa, 18/12/99)
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