Alexandria - Se Tu Queres Sarar a Solidão...

Do Elogio da Morte ao Requiem do Abandono, Alexandria é a Biblioteca das Ruínas de cada Eu fragmentado, da insustentável esquizofrenia do Mundo...

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Imagine Alexander, before conquering half the world: A man full of dreams and handful of sand. Well, that's me...

Monday, July 09, 2007

Anátema de Um Louco Por Amor...

Meu amor,

Tão longa esta tristeza e tão intensa a dor! Onde a levaza além dos longes Céus?
Escrevo por tudo e por nada: pela água estagnada, pelas ondas nos ilhéus! Porque a saudade é imensa e o desejo bastante; porque há fome, meu Deus!, e ela é tão grande! Tenho fome à noite dos teus beijos! Fome, talvez, desse teu corpo nu! Vem matar-me a fome por inteiro! Quero uma coisa no Mundo: Tu, tu, tu! Sou um esqueleto ambulante, bruto e feio. Um monstro devorador! Hei-de rasgar-te a pele, trincar-te os seios! E tudo por amor… Despedaçar-te a vida num só gesto... provar cada pedaço... Ser prepotente, raivoso, mau, funesto. Irromper aos urros pelo espaço! Do que sobrar de ti hei-de fazer um colar, sanguíneo, orgânico, comprido... E hei-de usá-lo ao pescoço e hei-de andar como um Tirano devasso e presumido!: E passe eu onde passar, (Trovas do Vento que Passa!), ter-te-ei sempre comigo, em tudo aquilo que faça…
Tudo tem fim, já murchou... Essa planta que era de ontem já de manhã fenecia... Vou beber-te todo o sangue - o que era meu ja secou - vou drenar-te, ò gentes contem!, cada gota, à agonia!
Porque eu desprezo esse Mundo, que me despreza afinal! Porque eu odeio de tudo, desde o ter Bem ao ter Mal! Porque eu não quero haver mais estas vãs vontades vãs! Porque eu não quero sinais, nem despertares, nem manhãs! Porque eu não quero mais as minhas ilusões! Nem memórias, ais, recordações! Porque eu não quero mais as ânsias do desejo! Porque eu não quero mais esse teu beijo! Porque eu não quero mais chorar porque não estás! Porque eu só quero Paz e Paz e Paz! Porque eu não quero mais negar querer! Porque eu não quero mais acontecer... Ó vida, aonde vais? Desiste, pára... É esta f'rida de ser que não me sára! É esta coisa rara de me ter! Ao longe (e onde? e onde?) um rio que corre... Ao longe um barco a arder... (É uma dança...) Sim arde, morre! Morre! Naufraga eterna esp'rança! Deixa-me estar, deixa-me perder!

(Lisboa, 21/12/99)

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