Alexandria - Se Tu Queres Sarar a Solidão...

Do Elogio da Morte ao Requiem do Abandono, Alexandria é a Biblioteca das Ruínas de cada Eu fragmentado, da insustentável esquizofrenia do Mundo...

My Photo
Name:
Location: Lisboa, Gumolândia, Portugal

Imagine Alexander, before conquering half the world: A man full of dreams and handful of sand. Well, that's me...

Sunday, April 15, 2007

Do Divino

a) Cristo nasceu dos densos medos dos Homens. Por temerem o imortal desconhecido mistificaram o crucificado em mistério, meio pelo qual um corpo vivo ou inanimado se deifíca e sacraliza. Sacralizar, por seu lado, é dar resposta de lei ao que não tem lei nem resposta e um sentido final e único ao que não é mais do que mero objecto distorcido num símbolo. Cristo foi assim (como outros ícones seus semelhantes) moldado num grande mito de modo a conseguir o poder de tornar acessível o absurdo do mundo e o seu vácuo aos que temem demasiado observar-se e não suportam a ideia de ignorar. O Homem fez-se, deste modo, um deus que se fez rei, um mito sobre o trono de toda a raça Humana. O mito, porém, é insuficiente por si mesmo; e um Senhor, para governar, precisa de súbditos. Que fazer, então, para salvar o mito? Render toda a razão aos caprichos da Fé, deixar a lógica às mãos da estupidez, o juízo privado no algoz do dogma… O preço da explicação sublime do Universo e das coisas foi o perder-se o sentido de Universo e de coisas, o que para o Homem corresponde a abdicar da liberdade individual pelo bem do conforto da sensação de alma, obliterar-se em nome de uma ideia, entregar-se a si mesmo como escravo…
b) Há muito tempo, numa língua antiga que já ninguém fala, Fé do latim fede e do português fede (que reflecte o seu odor nauseabundo) dizia-se: Marg-Ha-Rid-Ha, que veio a resultar no nome próprio Margarida. Eis porque é do Diabo a alma de Fausto…
(Lisboa, 17/05/99)

0 Comments:

Post a Comment

<< Home