Alexandria - Se Tu Queres Sarar a Solidão...

Do Elogio da Morte ao Requiem do Abandono, Alexandria é a Biblioteca das Ruínas de cada Eu fragmentado, da insustentável esquizofrenia do Mundo...

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Imagine Alexander, before conquering half the world: A man full of dreams and handful of sand. Well, that's me...

Sunday, February 18, 2007

Da Compreensão...

Compreender qualquer coisa implica primeiro elevá-la ao título de pessoa. O objecto que eu estudo ganha vida sob o meu olhar atento. É por isso que há homens que têm medo das coisas e nos surgem por vezes com grandes marcas no rosto: Foram mordidos pelas suas crenças em momentos de desatenção. (Lisboa, 16/12/02)

Filosofia no Escuro

a) – Será a Vida o Pecado Original?
– Será a Morte a Absolvição Final?



b) O Misticismo é o perfume das coisas…
(Canais, 22/12/98)

Diálogo Casuístico

– O que é a Filosofia?
– É a arte de especular inconclusivamente.
– O que é a Retórica?
– É a arte de dizer a verdade a mentir.
– O que é a Política?
– É a antecâmara da manipulação das massas.
– O que é o Mundo?
– Prisão em si.
– O que é o Homem?
– Uma palavra.
– O que é o Universo?
– Projecções do vácuo.
– O que é a pergunta?
– A ansiedade.
– O que é a resposta?
– O desespero…
(Lisboa, 22/09/97 )

A Explicação Final da Santa Inquisição...



A Terra gira à volta do Sol, não de ti mesmo. Rodares eternamente em torno de outras coisas é a maldição da tua existência. Eis porque merecia morrer Galileu. (Lisboa, 01/01/97)

Evoluções, Involuções, Dubitações...


O Homem é um animal de hábitos. O que ele é não é como ele nasce mas depois de nascer o que lhe dão. Esta circunstância inevitável é uma amputação da personalidade, porque implica que, à partida, a natureza das nossas escolhas (que moldarão e se moldarao pelo nosso carácter) estará condiconada pelo ambiente em que crescemos. Isto doi. Mas doi mais a ironia que contém: Pois, se seguirmos a nossa evolução (da criança ao Homem, do estudante ao trabalhador, do inconsciente ao responsável, do ingénuo ao avisado, do ignorante ao culto, do rebelde ao institucionalizado…) acabaremos por nos confrontar(mos) com o facto de sermos uma fera que se amansa pelas infindáveis leis da vida, acabando depois, com o cansaço dos anos, por precisar do jugo que se tornou familiar. As correntes da juventude foram limadas por anos de habituação e tornaram-se um símbolo de refúgio. A memória distorce-se entre as responsabilidades e as escolhas, fazendo do que era uma vontade uma espécie de tédio, do que era um princípio um exemplo do erro, do que era convicção uma casmurrice, do que era uma crença um devaneio. O que desprezávamos passa a parecer-nos bom, o que nos magoava traz-nos a nostalgia do que pudemos já realizar. É no fundo como assistir à domesticação de um chimpanzé selvagem que começa por aprender alguns truques em troca de bananas para acabar por precisar das bananas por lhe lembrarem os truques que fazia… (Lisboa, 26/05/96)

Equillibrium...


La raison du plus fort est toujours la meilleure (La Fontaine). O cordeiro que bebe no riacho turva a água do lobo que o vigia, independentemente do sentido do rio. Não importa quem chegou primeiro, quem julga conhecer a verdade ou falar com razão. Apenas pesa na avaliação dos factos a relação entre a fome do lobo e a afronta do cordeiro de não se deixar comer. Se o cordeiro tivesse os dentes do lobo poderia talvez fazer-se entender. Mas se já se viram lobos com pele de cordeiro, quem ouviu falar do contrário? Assim, a fábula termina com a mutilação do inocente, símbolo eterno do sacrificado. Mas qual o seu sentido final? Apenas este: A Lei é do mais forte e nenhum pensamento pode vergar essa Lei. Pensar livremente é viver solitário ou ser comido. A razão académica é suprema face à razão sem estatuto. Os discípulos da pragmática submetem-se à razão institucional até serem eles mesmos uma extensão dessa verdade pragmática. Ser contra a Lei é ser inferior à Vida Social e marginalizado nos seus quadros de perfeita artificialidade. Primeiro torna-te um lobo e podes então depois expôr as razões do cordeiro. Mas nessa altura não será mais do que um exercício retórico, uma pequena birncadeira lógica. Porque uma vez lobo, há uma horda de rebanhos de cordeiros indefesos à espera de serem submetidos ao teu recém-adquirido e bem-amado poder. E que enorme desperdício seria ignorá-lo! (Lisboa, 20/05/96)

Thursday, February 15, 2007

De Sólon e Outros Tantos Sonhadores...

O Homem receia o Caos e tenta por isso combatê-lo com o método.
Mas quanto mais se organiza mais a ordem e o controlo lhe escapam.
Porque o Caos é parte intrínseca dos Homens e das coisas e a natureza é maquinalmente aleatória.
É tão perfeita que é desconcertante, sarcasticamente imprevisível.
É este o desespero do legislador.
(Lisboa, 20/05/96)